I was recently quoted in O Globo in Brazil on the devastating massacre in Iguala on September 26, 2014. This is a tragedy that follows many others. We have hope that we will still find the 43 disappeared students, however, each passing day reminds of of the lack of justice that prevails in Mexico.

CIDADE DO MÉXICO — As suspeitas de que o prefeito da cidade mexicana de Iguala, José Luis Abarca estaria envolvido no massacre de ao menos 17 estudantes e no desaparecimento de outros 26 ganham cada vez mais força, já que ele continua foragido. Ontem, o promotor Iñaky Blanco acusou o prefeito de omissão e pediu ao Congresso do estado de Guerrero que retire a sua imunidade, para que ele possa ser encontrado e julgado.

Blanco afirmou que “o prefeito preferiu ficar em uma festa e depois ir jantar e dormir” no lugar de proteger os estudantes que foram atacados por policiais e narcotraficantes do grupo Guerreros Unidos, no dia 26 de setembro, numa ação que deixou seis mortos no ato e 25 feridos, além de 43 sequestrados — dos quais pelo menos 17 foram mortos.

— O prefeito tinha a obrigação jurídica de atuar — disse Blanco durante uma entrevista coletiva em Acapulco.

Os ataques em Iguala trazem à tona o problema da violência no México, e como o crime organizado mudou no país desde que o ex-presidente mexicano Felipe Cálderon, decidiu combater os cartéis de drogas. Em entrevista ao GLOBO, Zara Snapp,

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diretora da Comissão Mexicana de Defesa e Promoção dos Diretos Humanos, contou que a ofensiva do ex-presidente para desmantelaros cartéis causou uma fragmentação do crime.

— Em 2007, eram oito ou nove grandes grupos que detinham o crime organizado no México. Hoje contamos com 88 grupos como o Guerreros Unidos — relata Zara, acrescentando: — São pequenos, mas detém muito poder na região onde atuam e se dedicam ao tráfico, extorsões e sequestros.

Mais quatro policiais, de acordo com o promotor, foram presos acusados de homicídio por terem participado junto com os narcotraficantes dos ataques, aumentando para 26 o número de agentes envolvidos no caso. Desde o começo da semana, a cidade de Iguala está sob custodia do governo federal por ordem do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, que vem sofrendo forte pressão da sociedade e da comunidade internacional para encontrar os estudantes desaparecidos. Dois criminosos pertencentes ao grupo Guerreros Unidos confessaram no sábado terem matado ao menos 17 deles, que estudavam para se tornar professores, e enterrado seus corpos mutilados em valas comuns.

Pais ainda esperançosos

Apesar de o México estar acostumado com a violência, os ataques em Iguala causaram forte comoção nacional, e na quarta-feira, em um ato raro, milhares de mexicanos foram às ruas se manifestar. Em vários pontos do país pessoas cobraram uma resposta do governo federal.

Enquanto isso, os pais dos estudantes, a maioria pobres agricultores, continuam fazendo vigília na escola em que eles estudam, e se recusam a acreditar que seus filhos estejam mortos.

— Quero ele vivo, porque vivo o levaram — disse Macedonia Torres Romero, mãe de José Luis, um dos desaparecidos.

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Guerreros unidos dominam região

Na véspera do Natal de 2009, Arturo Beltrán Leyva foi morto a tiros por forças especiais. Ele era o número um do cartel dos irmãos Beltrán. Com a sua morte começou a luta pelo poder. Foi nesse momento que surgiu a facção Guerreros Unidos, que exemplifica a tipologia no novo crime organizado no México, e suas causas. O desmembramento de carteis hegemônicos por pressão do aparato federal tem causado uma desintegração do monopólio do crime. Aparecem, então, grupos menos poderosos, mas perigosos, explica o especialista em segurança, Alejandro Hope. Esses grupos não têm capacidade para o narcotráfico internacional como os grandes cartéis,

então combinam o negócio da droga com atividades como extorsão, sequestro e infiltração em municípios e polícias locais; um esquema criminoso que asfixia as pessoas.

Em Iguala, nos últimos tempos, a extorsão aumentou seriamente. No que diz respeito ao grau de infiltração institucional na cidade, o massacre dos estudantes dá uma resposta contundente. Segundo confessaram alguns agentes envolvidos, os responsáveis pela execução coletiva foram policiais municipais. Mas a ordem, de acordo com testemunhas, foi dada pela facção Guerreros Unidos e a prefeitura apenas executou.

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